domingo, 21 de fevereiro de 2016

A ansiedade e o pessimismo que advém do conhecimento e do pragmatismo



"Pragmático é aquilo que contem considerações de ordem práticarealista,sem rodeioscom alvo bem definidosem subterfúgios."

O último post do blog, sobre desemprego, teve relativo sucesso. Foi o post mais lido até agora e houve vários comentários interessantes sobre o que se passa no país.

Sou um homem do povo. Por ir de transporte público ao trabalho, convivo diariamente com o que se convencionou chamar de "povão". Além disso, durante muitos anos da minha carreira profissional, também convivi com o que se chama de "elite", inclusive internacionalmente. Minha família é de classe média, logo, sem querer soar como arrogante, posso dizer que tenho um variado contato com muitos segmentos sociais do país, pelo menos no meu restrito universo da cidade de São Paulo e do ABC.

De maneira geral, não conheço absolutamente ninguém, além de mim mesmo e um ou outro gato pingado que está preocupado ou mesmo ansioso com a situação econômica do país. 

Não sei se é exagero meu, mas nos últimos dias venho pesquisando sobre envio de dinheiro ao exterior, abertura de contas nos EUA, compra de ouro e outras coisas, justamente por prever que em algum momento no futuro, se nada for feito, podemos ter novamente conosco o fantasma do confisco, a simples tomada do patrimônio pelo governo, o que já está indiretamente acontecendo pelo custo camuflado da inflação. 

Observo as notícias do que ocorre na Venezuela, em Brasília, taxa de juros negativa no Japão, crise na Europa e assim por diante e fico perplexo. Primeiro porque não têm absolutamente repercussão nenhuma entre as pessoas. Me parece que enquanto a pessoa continua com seu emprego, vive ainda da mesma maneira, gastando dinheiro à toa, se endividando e não guardando nada para o futuro. No chamado povão então a situação é pior. Parece que as pessoas pensam: "bom, para pobre sempre teve crise". Ouvi isso de uma atendente num fast food que geralmente almoço no centro de SP. Estava falando sobre a situação econômica, sobre a necessidade de economizar e a pessoa falou literalmente o escrito acima. Na época ela disse que juntava dinheiro sim, mas era pra "passar o carnaval".

O hábito de pensar e refletir é extremamente prazeroso, porém, tem seus efeitos colaterais, que é observar o comportamento dos outros e se sentir absolutamente só. Não fazer parte do jogo consumista, não assistir TV, não gostar de futebol, baladas, músicas horríveis como funk, sertanejo e pagode, não beber álcool e nem gostar de carro restringem sua vida no país ao mínimo da convivência. Você se sente um alien no planeta. Começa a não entender como um programa de televisão, mostrando discussões e festas inúteis como um Big Brother pode ter mais espaço na mídia que a gravíssima crise econômica pela qual passamos.

Às vezes penso se existem outros por aí como eu. Que estão preocupados com o destino. Com seu patrimônio e sua vida futura.

Sou arrogante? Sou apenas um idiota se achando melhor que os outros? Estou jogando minha vida fora? São perguntas que faço e para as quais não tenho resposta.

Será que seria mais feliz se vivesse como todo mundo? Será que ocupar minha mente com redes sociais, bebidas e televisão seria a solução? Talvez. O problema é que não há mais volta. Uma vez que você aprimora seus conhecimentos e vira alguém com a pretensão de olhar um pouquinho fora da caixa, não há como voltar. 

A meu ver, esse é o significado por trás do mito de Adão e Eva, expulsos do paraíso. Uma vez que se come da árvore do conhecimento, se perde o paraíso da ignorância e se entra no mundo da responsabilidade e da ansiedade por saber-se pequeno e frágil. 

Porém, tal como Adão, se sai do paraíso para ganhar o mundo, que é ilimitado e cheio de potencialidades a serem exploradas. 

Só nos resta isso enfim.

Grande abraço a todos!

7 comentários:

  1. Investidor veja esse vídeo https://www.youtube.com/watch?v=bsYMDRQKd5k

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  2. Fala, ABC, muito bom seu post pois nos leva a reflexão de um tema pouco explorado, muitas vezes ignorado mesmo. Eu fui um dos que comentei no último post perguntando do fechamento da Philips de Mauá.
    Me senti representado por seu post. Gosto de refletir, na verdade isso faz parte da minha personalidade. como você citou em seu texto não sou frequentador de baladas, não bebo, não assisto BBB e coisas do gênero etc. a única exceção é que gosto e acompanho futebol.
    Em praticamente tudo há vantagens e desvantagens, quando se é mais realista e observador corremos o risco de sofrer por coisas que de fato nem ocorreram, nossos medos e pensamentos podem ser nossos maiores inimigos, quando não temos os mesmos gostos e comportamentos da maioria da população muitas vezes não somos bem compreendidos pelos menos não num primeiro momento o que pode trazer estresse ou sensação de solidão.
    Mas na verdade até acho que não somos uma minoria tão pequena assim, é que somos uma minoria quieta.
    Estou muito interessado em me fortalecer emocionalmente, graças a situações estressantes que já passei sei que patrimônio nenhum é suficiente para comprar a paz de espírito.
    Quero praticar mais a fé em Deus e em mim e sempre que possível enxergar o lado cheio do copo, quero ser mais leve e se for o caso me dar a liberdade de pesar diferente sobre algo. Não podemos mudar o mundo, mas podemos tentar mudar o que os incomoda em nós mesmos.
    Sei que pode não ser fácil, mas tem tanta gente por aí que conquista tantas coisas que pareciam improváveis e mesmo assim agem com leveza e simplicidade surpreendente, podemos pelo menos tentar.
    A vida não deve ser encarada como um fardo.

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    1. Relendo o post, agora me parece um pouco pessimista, triste mesmo. Mas não era bem o que queria passar. Como você disse, quem sabe a solução realmente não seja aumentar nossa fé em um mundo melhor, onde o conhecimento, a delicadeza e a leveza pudessem ser a tônica. Quem sabe?

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  3. Cara, vc escreveu tudo que eu queria ter dito, só que vc falou de forma educada.
    Um dos motivos de ter fechado meu blog é esse. É tentar não me forçar a participar de um mundo onde as pessoas pensam fora da caixa.
    Tenho estudado muitos livros de economia, dinheiro, finanças, etc. Comecei por curiosidade, mas continuei por prazer. Desde que comecei, e quanto mais leio, mais eu tenho a certeza de que se eu fosse um baita ignorante nesses assuntos a minha vida estaria mais "leve", sem estar ansioso ou preocupado com a situação ecnomica do país.
    A ignorância faz as pessoas felizes.
    Pensamento de babaca: Juntar dinheiro pra carnaval? Ok! Juntar dinheiro pra quitar uma dívida? Não.
    Cara... É foda... Sei nem oq dizer..
    Abraco

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    1. Oi Mineiro, obrigado pelos comentários que você faz aqui. Acho que a solução é não esquentar tanto a cabeça. Tudo é relativo no planeta. Assim como acho que vejo fora da caixa, alguém no mundo pode olhar para mim e me achar um completo imerso na ilusão. Quem sabe o que é o certo e o que é errado. O conhecimento é maravilhoso, mas percebi que talvez seja mais corajoso ser gentil e educado com os outros do que tentar demonstrar inteligência. Demonstrar inteligência é mais fácil que ser caridoso com alguém. Mas vamos indo, quanto mais estudamos mais sabemos da extensão da nossa ignorância. Grande abraço!

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  4. Muito bacana o texto. Mas é penso o mesmo às vezes. Será que eu sou o errado por procurar gastar menos que ganho, investir. Ou a galera que torra sem preocupação com o amanhã. Às vezes acho que eles sofrem menos.

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  5. Post foda investidor!

    reflexões de altíssimo nível, me fez pensar bastante também.

    saiba que vc não está só, existem milhares de nós espalhados por ai, com esse mesmo pensamento, mesma solidão intelectual...foda...

    obs: tbm sou do abc kkk

    vlws!

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